Saiba quem são os “vilões” e os “mocinhos” que podem ajudar ou atrapalhar quem faz diálise
Segundo dados da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), houve aumento de 71% no número de pacientes dependentes de diálise no País nos últimos anos. Já no censo de 2017 da Sociedade Brasileira de Nefrologia, o número de pacientes em tratamento de diálise foi de 126.583, sendo que a cada ano que passa aumenta, em média, 35 mil novos casos.
Diante desse aumento contínuo de portadores de doenças renais crônicas que precisam passar pelo tratamento de diálise – técnica que visa suplementar as falhas da função renal de pessoas que não conseguem filtrar o sangue e eliminar alguns componentes – é de extrema importância manter uma alimentação saudável e de qualidade.
Além de não filtrar o sangue e eliminar, por meio da urina, os “excessos” da alimentação, os rins dos portadores de doenças renais crônicas também deixam de controlar a quantidade de minerais, como o sódio, potássio, fósforo e cálcio; deixam de remover resíduos ou toxinas; e deixam de converter a vitamina D em sua forma ativa, o que ajuda a manter os ossos saudáveis.
Viver com doença renal não é simples e nem fácil, mas é possível ter uma vida produtiva e satisfatória se juntamente com a diálise o paciente mantiver uma dieta saudável. Diferentemente de quem não possui nenhuma doença, tudo o que o portador renal crônico comer ou beber vai ter um efeito direto sobre como ele se sente. A saúde do portador de doença renal pode piorar ainda mais, já que eles possuem mais risco de ter doença cardiovascular do que aqueles sem problemas.
Segundo Dr. Adrián Varela, médico nefrologista da DaVita Tratamento Renal, uma alimentação controlada ajuda a evitar que certas substâncias tóxicas se acumulem no organismo durante o intervalo da diálise – que costuma ser feita três vezes por semana durante quatro horas. “É preciso conhecer os alimentos que ajudam no bom funcionamento do corpo e também aqueles que atrapalham, são perigosos e podem prejudicar o andamento do tratamento”, afirma Dr. Varela.
Para isso, é fundamental o papel da equipe nutricional durante esse processo, dando orientações apropriadas e individualizadas. “Durante a diálise, cabe ao nutricionista orientar as possibilidades, substituições e quantidade de alimentos que podem e devem ser ingeridos. Em nenhum momento o paciente deve passar fome ou não se alimentar com comidas gostosas. É importante que ele saiba o que vai fazer bem para o seu organismo nesse momento”, afirma Thays Cardoso, coordenadora da equipe de Nutricionistas da DaVita Tratamento Renal.
As proteínas são importantes para construir, reparar e manter as células do corpo, como pele, cabelo, músculo e ossos. Também são necessárias para manter o sistema imunológico forte para o corpo se proteger contra infecções. Durante a diálise, é importante consumir as proteínas, porém é necessário controlar a quantidade consumida. A principal fonte deve ser de origem animal, como carne de frango, peru e clara de ovo, porque é melhor tolerada pelo organismo.
O potássio é um mineral necessário para o corpo, pois envia um sinal elétrico aos músculos, como o coração. Quando os rins não estão funcionando corretamente, o nível de potássio pode aumentar muito rápido. Se tiver muito potássio no sangue ele pode provocar arritmias ou parada cardíaca e fraqueza muscular. Portanto, é necessário limitar a ingestão de potássio, que pode ser encontrado na maioria dos legumes, frutas, leite e chocolate. De acordo com o Dr. Varela, alguns alimentos devem ser totalmente eliminados da dieta, como as frutas secas (nozes), sucos de fruta concentrados, caldos para cozinhar e substitutos do sal ou sal light, pois também são ricos em potássio.
“A carambola também deve ser eliminada da dieta dos portadores de doença renal crônica. A fruta deve ser proibida de ser ingerida por ser altamente tóxica. Ela conta com a enzima caramboxina que não é filtrada pelos rins. O excesso dessa enzima pode atingir o cérebro e ocasionar vômito, confusão mental, convulsão e levar até mesmo à morte”, ressalta Dr. Varela.
Também é importante para os portadores de doenças renais manterem equilibrada a ingestão de fósforo, cálcio, ferro e vitamina D. No caso do fósforo e do cálcio, o excesso pode levar a fragilidade nos ossos, podendo provocar fraturas e dores nas juntas. Os alimentos ricos em fósforo e cálcio são leite, queijo, feijão, entre outros. Durante a hemodiálise, alguns pacientes precisam tomar suplementação de vitamina D em forma de comprimidos ou em injeção. Já em relação ao ferro, o baixo consumo pode levar à anemia, também sendo indicado um suplemento.
“Pessoas que estão começando o tratamento de diálise devem ficar atentas a todos os alimentos que consomem. Esse momento é um período determinante para que o organismo se acostume e desempenhe suas atividades sem prejudicar outros órgãos. Além disso, para que o tratamento corra bem, é essencial avaliar cada paciente individualmente para saber o que está acostumado a comer, quais atividades costuma desempenhar e como está se sentindo com essa mudança”, finaliza Dr. Varela.